Paciência

Os mais óbvios e simples “segredos” daqueles que dominam suas atividades, sejam quais forem, residem em um conjunto de posturas no qual existe grande dificuldade de serem assumidas. A agilidade das coisas da vida moderna, os jogos de aparência das redes sociais e o culto pelo sucesso rápido são apenas alguns dos fatores que nos distanciam de um caminho mais idealizado – que todos alegamos seguir – e dificilmente seguimos de fato.

Algumas noções básicas de causa-e-consequência podem ser perdidas de acordo com a conveniência da situação e da pessoa. Como querer beber e dirigir. Ou tentar obter uma nota alta sem estudar. Por vezes, queremos o prêmio, mas nem sempre estamos dispostos a pagar o preço. Por outro lado, certamente que uma austeridade artificial em perseguir o objetivo revela muito mais uma preocupação com o ego e as aparências, em uma busca vazia. Assim, a falta de equilíbrio entre esses fatores revela a dificuldade em assumir uma postura simples: paciência.

Assim, a realização de tarefas (independente de sua importância) que poderiam ser feitas com capricho podem ter seu cuidado negligenciado de forma consciente e tola. E a falta de cultivo dessa paciência talvez faça com que não criemos um senso de perseverança, tão exigido para concretização de sonhos.

Por falta de paciência, atividades que poderiam ser mais eficientes e elegantes se tornam braçais e mecânicas, num anseio de “se livrar” de tal empreitada o quanto antes. E não duvidemos que aqui ocorram desperdícios ou descaminhos, que comprometem a qualidade daquilo que está sendo desenvolvido.

O mesmo raciocínio é exportado para todas as áreas de nosso dia-a-dia. Contudo, uma mesma pessoa que não lava louça direito e deixa restos de comida pode se revelar talentosa em outro campo. Essa atenção seletiva é um fator recorrente, assim como apreciamos algumas disciplinas na escola, e detestamos outras. Neste escopo, provavelmente há um retorno emocional (ou de outra natureza) nas tarefas que desempenhamos com algum rendimento positivo, e uma natural aversão àquelas que, ou não trazem satisfação, ou geram algum tipo de prejuízo.

Em artes marciais, a noção de Caminho reside no processo, e não nos objetivos finais. Leva-se em consideração que o trabalho árduo desenvolvido para se obter habilidades é justamente a razão de se treinar, embora aos iniciantes isso não seja tão claro. Sonhar com a faixa preta (o “prêmio”) é comum, mas frente aos investimentos físicos, financeiros e emocionais necessários, realmente poucos se graduam. Claro que, neste exemplo, é relevante excluir os casos em que situações da vida como trabalho, filhos ou justificativas coerentes afastem o praticante.

Então, o “ganho emocional” de atividades que se acredita não acrescentarem nada deve ser revisto. Assumindo certas posturas “zen”, não haveria diferença significativa entre lavar louça ou treinar uma modalidade de luta. Claro que há distinção da tarefa, de sua natureza e propósito. Porém, abstraindo desses elementos, qualquer empreitada humana, apesar das diferenças ou dificuldades em sua execução são apenas manifestações de nossa vontade em realizar algo. Posto desta maneira, a origem de todos os acontecimentos vem de uma postura interna, um sentimento que alimenta a força de vontade para a concretização de algo. Isso é uma forma de decisão particular, onde dedicar o mesmo empenho, energia e atenção para todas as ações são formas positivas de exteriorizar a compreensão do Caminho.

Esse sentimento trabalha nosso psicológico de maneira a criar uma noção de satisfação na execução atenciosa e adequada de uma tarefa. De uma simples passada de pano em uma mesa a projetos profissionais complexos, a manutenção da atitude em fazer algo bem feito é um dos maiores ganhos emocionais que o DO ajuda a desenvolver. Pois a falta da paciência nos permite ver somente “trabalho” e não “caminho”.

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Postado em 20 de Junho de 2019.

8 comentários sobre “Paciência

  1. Perfeito. Ha alguns meses me via nessa mesma situação. Agora em mais tranquilo consigo lavar a louça em paz….ahhahaha. Aprender com o processo e tirar o melhor ensinamento, até dos momentos de dificuldade, faz parte do caminho.

    • Olá Anônimo,

      A louça é só um exemplo simplório hahah mas serve pra tantas outras coisas não é? Independente do que fazemos, o que importa seria ter o compromisso de fazer corretamente qualquer empreitada ou tarefa, e assim, colher um resultado qualitativo! Claro que não é “simples assim” mas assumir uma postura determinada já é um ótimo começo!

      Boa sorte na sua louça e obrigado pelo comentário! :)

  2. Adorei o texto. Tenho estado afastado do kendo por causa das obrigações acadêmicas, mas percebo isso no dia-a-dia do curso. Ainda luto para perceber isto, mas esse texto conversa muito bem com as percepções que tenho tido muito recentemente. Agora, para mim, é manter a atenção para não esquecer estas ideias e tentar viver elas, dentro do possível…

    • Olá Pedro,

      Realmente prioridades existem para serem priorizadas, e talvez não haja muito o que fazer nestes casos. Ainda assim, é necessário investir tempo em saúde, tanto física quanto mental, e o Kendo é uma ferramente perfeita para isso!

      E bom, paciência na medida ajuda a perceber as coisas, eliminar ansiedades e cultivar uma noção mais madura de causa e consequência. E assim nos ajuda a preparar melhor nossas estratégias para que o resultado seja algo positivo e dentro do esperado!

      Obrigado pela visita e boa sorte nos estudos!

  3. Tenho medo do futuro. Crianças de hoje em dia tem cada vez mais ansiedade de ficar parado. Ler um texto de uma página é um sacrificio. Fico pensando q se no futuro kendo vai ser mais valorizado pq preza a paciencia ou menos valorizado pq é “muito lento”.

    • Olá Helton,

      Entendo bem o que sente. Os modelos educacionais tradicionais envolvem obrigar a criança a certas tarefas, e assim nos parece ser adequado. E também as artes marciais seguem esse sistema. Na minha visão, teremos um atraso de maturidade em diversos pontos psicológicos, pois só depois de alguma idade nos cobramos com seriedade para tarefas importantes, independe se gostamos ou não delas.

      As artes marciais sobreviverão, mas já é possível detectar certas mudanças, por meio da brincadeira “nutella x raiz”: há aqueles que buscam aparências (alvo preferido dos charlatães, claro) e os que buscam “algo mais” em seu treinamento. Veremos!

  4. Há um ditado Zen que diz…Um tigre não faz distinção entre caçar um cervo ou um camundongo, não importa o tamanho do seu objetivo, ele empreenderá o mesmo esforço!
    Suas matérias são ótimas!!!
    Parabéns!

    • Olá Jorge,

      Agradeço sua presença! E é isso mesmo, para aqueles que tem maturidade, o importante é designar bem suas tarefas, e essa qualidade é que traz diferenciação, seja em termos pessoais ou profissionais. Só fazer por “se livrar” é um desperdício de tempo e iniciativa…

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