Cuidados Básicos para Espadas de Iaido

Seguindo a linha de #Shinai – Cuidados e Manutenção, este texto pretende abordar cuidados básicos para com a espada de treinamento em Iaido. Conhecida genericamente por Iaito ou Mogito, consiste em uma réplica balanceada da katana afiada (shinken), porém com a lâmina em materiais alternativos, como ligas de zinco-alumínio, e sem o fio de corte.

Construída exclusivamente para o treino em Iaido, estas espadas não devem ser usadas para cortar objetos, muito menos para executar técnicas onde colidem com outras espadas. Também é impensável tentar afiá-la, pois isso destruiria sua estrutura e seu acabamento, além de considerar tal ato uma infantilidade e um sacrilégio perante a arte marcial e professores sérios.

Caso ainda esteja estudando a aquisição, recomendamos esta matéria: #Adquirindo Iaito com a Tozando.

Acima de qualquer informação, existe uma regra de ouro antes das recomendações: na dúvida ou problemas, CONSULTE SEU SENSEI.

E se você ainda não treina, veja neste link onde estão as academias que ensinam o VERDADEIRO Iaido no Brasil!

Transporte:

– A espada deve estar protegida por uma sacola de tecidos macios, normalmente providenciada pelo fabricante. Isso evita, além de arranhões e pequenos danos, a exposição direta da arma, atraindo a atenção de pessoas mal intencionadas;

Em hipótese alguma deixe a espada no porta-malas do carro, principalmente se estiver exposto ao sol. O calor intenso irá dilatar os materiais e potencialmente estragar seu equipamento;

– É igualmente importante que esteja dentro de um estojo especial próprio (katana bag, vendido em lojas especializadas) para o dia a dia. Em caso de viagens longas, sugere-se maletas acolchoadas (como as que comportam rifles esportivos), pois as espadas podem ser danificadas com queda ou manuseio descuidado de transportadoras e aeroportos;

Katana Bag. Modelo E-Bogu.

– Ao término dos treinos, enrole o sageo no tsuka na altura da guarda e dê outras voltas ao redor da bainha para evitar desembainhamentos indesejáveis no transporte;

– Para preservar o travamento hermético da espada e da bainha, existe uma peça chamada koiguchi-kun, que se posiciona entre a guarda e a boca do saya. Feita de materiais macios como couro ou emborrachados, evita que o habaki desgaste o koiguchi quando a espada estiver guardada fora de uso.

No treino:

– O fator mais importante é a verificação do mekugi, o pino de bambu ou madeira fixado diagonalmente na empunhadura da espada. Este pino não pode em hipótese alguma estar frouxo, pois pode se soltar em um movimento brusco, projetando a lâmina para frente em alta velocidade. Em caso de substituição, deve consultar seu Sensei primeiramente, pois existem pormenores do procedimento que precisam de cuidados especiais, dependendo do modelo e fabricante da espada. Isso não será abordado neste guia;

– Antes de adquirir a espada, certifique-se que o mekugi não seja feito de plástico ou outro material. É importante, por questões de segurança que os materiais de montagem sejam os tradicionais;

– Uma dica relevante e que às vezes não nos damos conta é que a iaito é perigosa. NUNCA desembainhe a espada em aglomerações, especialmente em seminários onde as pessoas se aproximam para ouvir as explicações dos mestres. O mesmo vale para ambientes apertados e redobre a atenção em treinos com pessoas muito próximas pela falta de espaço;

– Absolutamente NUNCA empunhe sua espada com as mãos ungidas em cremes hidratantes ou equivalentes. Antes do treino, lave as mãos com água e sabão neutro, e em casos de sudorese, repita a lavagem das mãos nos intervalos. Manuseie sua espada com as mãos inicialmente secas (o suor virá com o treino, isso é inevitável);

– Tenha cuidado especial em certas técnicas como no tsuki (estocada) do 4º kata do Seitei Iai Tsuka-ate. A ponta da iaito é tão perigosa quanto de uma shinken e seu braço esquerdo pode ser seriamente machucado neste movimento;

– Iniciantes podem fazer um desembainhamento errado ao friccionar o “fio de corte” da espada contra a parede interna da bainha, como se a estivesse “cortando por dentro” ao sacar. Fique atento a este fato e pratique para evitar isso;

– Evite ao máximo movimentar a arma fora das posições dos golpes clássicos e ensinados pelo Sensei. Apesar de muito difícil, uma iaito pode se quebrar por estresse do material, e manejos bruscos de imperícia podem contribuir para a fadiga dos materiais.

Intervalos:

– Evite deixar a espada em pé como é comum com o shinai. Deite a espada no chão sobre uma superfície acolchoada, como a própria bag. Isso evita possíveis quedas que possam quebrar o saya ou danos piores. A etiqueta solicita que a lâmina esteja voltada para uma parede (e nela encostada para não ser pisoteada) e, quando possível, o tsuka apontado em direção de shomen.

Pós-treino:

– Os cuidados com a lâmina são essenciais para manter conservada sua beleza. Em espadas de liga zinco-alumínio não se deve aplicar o pó calcário (uchiko) que é usado para remoção dos resíduos de óleo e suor. O pó pode, mesmo sendo fino, riscar o acabamento do metal. Para limpar o resíduo antigo de óleo e gordura, siga um modelo que a Tozando, loja referência em iaito, oferece na internet, escrito por um de seus artesões, Nayuta Matsuda.

– Recomenda-se o uso de óleo de cravo* (choji abura, o mesmo para espada de aço) passado com tecidos macios próprios para lentes de óculos (ou equivalentes). Evite aplicar excessos que poderão encharcar e consequentemente prejudicar a madeira da bainha ao guardar a espada. Os movimentos devem ser leves e nunca “puxe” a lâmina no tecido: é ele que desliza suavemente sobre o metal;

* É possível utilizar um substituto mais barato que o óleo de cravo japonês apenas para lâminas de zinco-alumínio: o óleo Johnson´s para bebê (Johnson´s Baby Óleo Puro, da etiqueta rosa, 200 ml);

– O principal objetivo do óleo na iaito de liga metálica é fazê-la deslizar com mais eficiência no noto (embainhamento), e não a conservação da lâmina propriamente dita. Para espadas de aço, recomenda-se o uso do choji abura e os procedimentos tradicionais com pó uchiko e papéis próprios para limpeza;

– Tsuka (empunhadura): o suor das mãos e o atrito têm efeitos desgastantes no tecido do cabo. Independente se for de algodão ou seda, deteriora e altera a coloração original. Por isso, é preciso limpar com um pano úmido eventualmente. Não umedeça demais o pano, e para limpar, não esfregue: enrole-o sobre o cabo de dê pequenos apertos para tentar transferir a sujeira para o pano. Não se recomenda fazer esta limpeza constantemente, dependendo da frequência de treino pode ser de 2 a 3 vezes por ano, em dias de menor índice de umidade, pois se feito em demasia pode desfiar o tsukaito (o cordão enrolado que forma a aparência diamantada do cabo). Ou prefira tons escuros para o cabo, que aparentam menor envelhecimento;

Saya (bainha): é possível que com o uso, o habaki (trava na base da lâmina) possa alargar o koiguchi (fenda de entrada da espada). Uma técnica simples é colar um pequeno e fino pedaço de madeira (como uma folha de papel) na entrada da boca para diminuir o espaço de travamento (o pedaço não precisa ser mais longo que o próprio habaki). No início é possível que a espada não se feche completamente, mas o treino desgastará o material e logo a espada se travará adequadamente. Mas tenha cuidado com pedaços espessos de madeira: caso a tensão dos materiais seja grande demais, é possível rachar o koiguchi ao forçar o travamento!;

Também evite manter a espada em qualquer tipo de apoio na posição em pé, com o tsuka voltado para cima. Assim todo o peso da espada estará forçando o koiguchi, contribuindo com seu desgaste;

– Sageo (cordão da bainha): embora possa ser lavado, em caso de dano, é sugerida sua substituição;

– Seppa frouxo: muitas vezes as tensões aplicadas na espada acabam por “afrouxar” a montagem do cabo naturalmente, fazendo com que o seppa (pequenos discos de junção acima e abaixo da guarda) fique um pouco solto. Uma técnica artesanal simples é enrolar um fio de naylon muito fino abaixo dele, para que volte a ter uma área em que haja troca de forças entre o seppa e o tsuba, evitando assim o deslocamento do objeto e o preocupante som de peça solta na espada;

– Não é recomendável desmontar a iaito para limpeza e manutenção geral. Como não é uma lâmina de aço, não precisa de cuidados maiores. A construção da espiga (nakago) e seu encaixe dentro do tsuka é ligeiramente diferente da shinken, visto que não se usa a espada para atingir alvos, e assim não há a distribuição de forças, choque ou vibração desta origem dentro da empunhadura. Apenas desmonte para manutenções inevitáveis como substituição do tsuba, ou do tsuka inteiro. Entretanto, fica claro que a desmontagem permite visualizar o estado de conservação do mekugi e as condições internas do nakago, especialmente se os mekugi-anna (furos por onde passam o prego de bambu) estão em boas condições. Se considerar imperativo o procedimento, faça somente na presença do Sensei, e de acordo com as instruções dele;

Embora estas recomendações sejam sugeridas por praticantes experientes, por favor, entenda que o Espírito Marcial NÃO se responsabiliza em caso de danos em sua espada. Independente de qualquer influência externa e indicações, VOCÊ é sempre o responsável por suas próprias decisões. E acima de tudo, consulte seu Sensei.

Agradecimentos a Alexandre Pereira Sensei (6º dan Renshi do estilo Muso Jikiden Eishin-Ryu) pela colaboração neste artigo.

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Postado em 16 de Maio de 2019.

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